domingo, 4 de novembro de 2012
Começa o segundo ciclo do ouro no Pará
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O Estado do Pará ganhou notoriedade nacional e internacional, na segunda metade do século passado, graças à sua extraordinária produção de ouro. Primeiro com os milhares de garimpos espalhados no vale do Tapajós, tendo como polo de referência a cidade de Itaituba. Acredita-se que tenham sido extraídas da região, a partir de 1950, cerca de 500 toneladas de ouro. Mais tarde, já na década de 1980, a notoriedade ficou por conta de Serra Pelada, que, com seu formigueiro humano, foi na época internacionalmente reconhecido como o maior garimpo de ouro do planeta.
No final da década de 1990, com o declínio da atividade garimpeira, o que fez despencar também os números da produção, parecia ter-se acabado o ciclo do ouro no Pará. Esta era, porém, uma percepção equivocada. Na verdade, o Pará, detentor de alguns dos mais importantes distritos auríferos do país, está iniciando precisamente agora o segundo ciclo do ouro, este com uma importância econômica provavelmente muito superior ao primeiro.
O que muda, neste novo cenário, são as características da atividade extrativa: em vez da garimpagem manual, com o emprego de mão de obra intensiva e em condições brutais de trabalho do garimpo, entra em cena a mineração empresarial, com seu arsenal tecnológico, a lavra mecanizada e as técnicas mais sofisticadas de extração de metais. Sobrevivendo residualmente, os garimpos convencionais passam a ter importância secundária. A tendência é de aumento progressivo dos volumes de produção e de significativa redução dos impactos ambientais. A bateia e o mercúrio, símbolos do garimpo no século passado, ocupam página virada na história da produção de ouro no Pará e na Amazônia.
Em Belém, o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, dispõe de números que confirmam a nova corrida ao ouro no Estado do Pará. Num levantamento ligeiro, limitado somente às áreas com alguma tradição garimpeira, o Departamento confirmou, na sexta-feira, a existência de quase duas centenas de autorizações de pesquisa específicas para exploração de ouro em alguns municípios do Pará. Entre eles está Altamira, com 18 autorizações, Eldorado dos Carajás com 8, Marabá com 17 e Parauapebas com 15
MPF investiga projeto de ouro na região de Belo Monte
Reuters
O Ministério Público Federal abriu investigação na qual questiona um grande projeto de extração de ouro na mesma região impactada pela hidrelétrica de Belo Monte, informou nesta segunda-feira o órgão em nota.
De acordo com o MPF de Altamira, o projeto de ouro da empresa Belo Sun estaria sendo licenciado sem que os estudos de impacto do empreendimento considerem ou pelo menos exponham a fragilidade já sofrida com a instalação da maior usina de geração elétrica construída inteiramente no país.
"É muito preocupante que o projeto não faça nenhuma menção à sobreposição de impactos", afirmou a procuradora Thais Santi, em nota à impressa. "Simplesmente não há estudos sobre impactos nos indígenas da Volta Grande ou participação da Funai no licenciamento", acrescentou.
O MPF também enviou ofício ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) requisitando informações sobre as licenças de exploração que a empresa Belo Sun Mining Corporation possui na região do Xingu.
A empresa Belo Sun, de capital canadense, diz em seu site que o projeto é o maior em desenvolvimento para extração de ouro no país. A Reuters não conseguiu contatar a empresa para comentar a informação do MPF.
A companhia promove empreendimentos de mineração em diversos países.
O MPF afirma, citando dados da própria empresa, que o potencial de produção na Volta Grande do Xingu é de 4,684 mil quilos de ouro por ano.
(Reportagem de Sabrina Lorenzi)
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